sábado, 24 de março de 2012

Tecnologias de Ensino - textos complementares

Relacionados ao Encontro 1 (24/3/2012):

   TICs, telefones celulares e a escolassaura


Relacionados ao Encontro 2 (31/3/2012):

   Cibercultura - Pierre Lévy

   Introdução ao Pensamento de Inteligência Coletiva de Pierre Lévy

   A Relação entre Educação e Cibercultura na Perspectiva de Pierre Lévy

   Educação e Cibercultura

Tecnologias do Ensino - referências

No Encontro 2 (31/3/2012):

   Informática na Educação

   Avaliar na Cibercultura

No Encontro 3 (14/4/2012):

   Cibercultura: a comunicação, as mídias e a educação

   ESCOLA: Incluindo ou excluindo?

   A Escola e as Tecnologias Inteligentes

   Computadores e Internet na Escola: o que muda?

   O Professor e as Tecnologias Intelectuais: uma parceria que pode dar certo

No Encontro 4 (21/4/2012):

   De Internet, Cibercultura e Inteligências...

   A Sociedade em Rede e a Cibercultura: dialogando com o pensamento...

   A Educação e o Mito do Ensino a Distância no Brasil

Texto para usarmos como referência na nossa prática didática

Recebi de um professor amigo a indicação do artigo "Power Point com Carteirinha" escrito por Cláudio de Moura Castro e publicado na revista Veja do dia 11/8/2010 edição 2177 p. 26.

Na internet existem vários sites que reproduzem o texto mas quem quiser ler no Acervo Digital da Veja (disponibilizado gratuitamente todas as edições da revista, em formato digital, desde 1968) acesse aqui (se surgir uma janela com uma mensagem do Flash Player, responda que não quer interromper o script, e aguarde...).


Direto ao que interessa:

Power Point com Carteirinha

Se Jesus usasse PowerPoint, não teria discípulos. Não se contam histórias emocionantes com ele.


Há uma regra clássica: se alguém que não assistiu à aula recebe o PowerPoint e o entende, está errado por excesso. Os slides terão arruinado a aula, arrancando-a do professor e deixando desgovernada a atenção da plateia. Aliás, se é para ler, o que faz lá o conferencista? O texto dos slides deve ser apenas um recurso mnemônico, para fixar os conceitos mencionados e para criar a arquitetura mental das principais ideias. Que fique claro: o PowerPoint não substitui nem o professor nem as leituras. O que ele substitui é o quadro-negro! Ele é um resumo e, bem sabemos não se aprende em resumos. Serve para fixar na memória as grandes ideias. Para aprender, precisamos dos exemplos e dos detalhes.

O PowerPoint é maravilhoso, se for bem usado. Visualmente, precisa ser de extrema simplicidade. Se a figura não vale mil palavras, lixo com ela. Já se disse, quem vê Steve Jobs e Bill Gates usá-lo aprende tudo de que precisa. Imitemos o supremo despojamento de Jobs e seremos bem-sucedidos. Imitemos Gates e afundaremos na barafunda visual.

Se Jesus usasse PowerPoint, não teria discípulos, pois histórias, parábolas, contos e narrativas são enredos na contramão das listas mostradas nos slides. Não se contam histórias emocionantes com ele. É impossível narrar uma aventura com PowerPoint (vá lá projetar o mapa). A sua lógica é a enumeração, e nem tudo pode ser transformado em uma lista. Para deduzir um teorema, mostrar uma lei da física ou fazer conexões lógicas, precisamos recorrer a gráficos ou a outra lógica de apresentação, fugindo dos "marcadores" (bullets) enfiados goela abaixo dos usuários.

Para quem quer encontrar o bom caminho do PowerPoint, o livro Presentation Zen é a redenção. O autor nos lembra que nosso cérebro tem um hemisfério esquerdo, que cuida da razão, e um direito, encarregado das emoções, das evocações. Uma boa aula ativa na plateia os dois hemisférios: inspira o direito e explica ao esquerdo. E com qual hemisfério o PowerPoint vai se comunicar? Se falar ao esquerdo, da razão, vai competir com as palavras do professor. É o desastre anunciado. Nele, as poucas palavras são para reter na memória as idéias ouvidas, não para lançá-Ias. Portanto, sua missão deve ser evocar, inspirar, infiltrar sentimentos. Daí a importância da escolha judiciosa das imagens. Melhor que sejam fotografias (abundantes no Google Images), e que se fuja, como o diabo da cruz, da Clip-art e dos desenhos humorísticos.

Diante disso tudo, só resta uma solução: exigir carteira de habilitação para usar PowerPoint. Vamos à autoescola e tiramos carteira, para reduzir o risco de atropelar uma velhinha na primeira esquina. Então, carteira para usar PowerPoint, para evitar que barbeiragens ponham a perder o potencial educativo de um recurso tão extraordinário, mas que pode ser usado também para confundir a plateia e mentir.


PowerPoint era o invento que faltava. Permite projetar na parede o que antes era colocado em garranchos escritos no quadro-negro. Fim do pó de giz. Fim da perda de tempo esperando o professor escrever. Viva o império das cores, dos desenhos elegantes, dos sons, dos hipertextos (com YouTube e animações). Fim das falhas de memória, pois, uma vez benfeito, dura para sempre. Mas, se necessário, corrigimos em segundos. Para a sucata o retroprojetor, que precisava de ajudante para passar seus acetatos caros, que não aceitavam correções, que caíam no chão e se misturavam. Só que, na prática, costuma ser um desastre. Cruzes! Lá vem um PowerPoint chatíssimo! Mas no escurinho, indecisa entre ouvir e ler, a plateia cochila. Aliás, está proibido em cada vez mais empresas e no Exército americano falar-se de "morte por PowerPoint". Os erros se repetem, começando com o congestionamento visual. Cores demais, borboletas, plin-plins, acordes dramáticos, desenhos de mau gosto, pletora de caracteres tipográficos conflitantes, informações periféricas à aula, logotipos e outros balangandãs. Depois vem o excesso de informações e de slides, sobrecarregados com textos intermináveis. Culmina com o erro fatal: o texto lido! Como lemos cinco vezes mais rápido do que o professor fala, passamos à sua frente. Ou seja, o pobre professor levou para a aula um concorrente que tomou a sua cena, pois já lemos o texto e não escutamos mais o que ele diz.

Revista Veja - por Cláudio de Moura Castro

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